Há aproximadamente 13 anos atrás, quando trabalhava com crianças carentes, pequena comunidade de crianças de 6 a 13 anos, em torno de sessenta, que reunia-se em nossa chácara todos os sábados.
Em um certo dia, um dos meninos, fugiu de casa. Era filho de uma mãe com doença de esquizofrenia e pai desequilibrado, passaram algumas semanas sem termos notícias.
Em uma terça-feira na oração da manhã, roguei a Deus, para que Ele me ajudasse a achar o menino.
A oração ultrapassou a normalidade, chegando a ignorância “...Deus estou cuidando dos seus filhos, e o menino sumiu e o Senhor não faz nada...”.
Fui para o trabalho, quando na parte da manhã um dos meninos da nossa pequena comunidade apareceu em meu escritório, dizendo que alguém tinha visto o sumido pela cidade. Não acreditei. A noite, por volta das 21:00 horas, tocou o interfone do nosso apartamento, o porteiro disse que tinha uns meninos de rua na portaria querendo falar comigo.
Desci até o hall de entrada do Edifício, para minha surpresa estava ali o menino sumido, o seu irmão B..., o amigo B..., e um outro menino que não conhecia. Dei um “belo sabão” nele, depois manifestei a minha alegria de vê-lo voltando para casa. Chovia muito. Eles estavam encharcados pela água da chuva. Após alguns minutos, o sumido apontando o menino que o acompanhava, disse que era uma amigo de rua, não tendo casa e onde dormir.
Lembrei da oração da manhã, vendo que Deus tinha me atendido. E que naquela hora era a oração de Deus para mim. O que faria com o menino?
Verdadeiramente foi um dos mais difíceis momentos da minha vida, eu ali, naquela escadaria, enrolando e brincando, com os meninos, mas interiormente pensando o que fazer com aquela situação. Muitas interrogações vieram em minha mente:
A portaria, do prédio? Como acolher uma criança naquele estado? E os vizinhos?
No apartamento, como seria a reação da minha esposa, levando um menino de rua para casa?
O que fazer daquele menino no dia seguinte?
Em que pese todas estas dificuldades, nossa Senhora veio em meu socorro, ajudando a dizer Sim. Falando com os meninos disse que ele iria subir e dormir em casa. Os meninos ficaram surpresos, e ao mesmo tempo felizes por ver o amigo acolhido.
Ao passar pela portaria, o porteiro, questionou se eu tinha certeza, que iria levar aquele menino para cima. Eu disse sim.
Ao abrir a porta do apartamento a minha esposa estava sentada no sofá da sala de visitas, viu entrando o menino e eu; disse a ela: O sumido voltou e trouxe este menino com ele, e ele não tem onde dormir.
Naquela mesma hora, a minha esposa Iara, disse: Ele está todo molhado, coloca ele no banheiro para tomar banho, enquanto arrumo roupas e janta.
Após o jantar, o colocamos no quarto de visitas onde dormiu.
Ele dormiu.
Nós não, pois ficamos preocupados no que fazer no dia seguinte. Porém, para minha alegria tinha a minha esposa que compartilhava, já não pensava sozinho.
Pela manhã após o café, levei Ele comigo, para o trabalho e para a nossa chácara.
Lá na chácara tinha um caseiro de enorme coração, contei toda a história do menino. Ele naquela mesma hora pediu para ficar com o menino. E juntos o amparamos com estudos e trabalho.
Aproximadamente após uns três anos, passei a investigar o paradeiro dos seus pais.
Através dele descobri que seu pai era andarilho com paradeiro desconhecido, a mãe fazia muitos anos que não via, que a última vez foi na cidade de Cambé..
Após algum tempo rastreei informações até descobrir que sua mãe morava na cidade de Sarandi-Pr, foi quando pensei: Mês de dezembro, vou me dar um presente, levando o filho para sua mãe. Que Natal! Lindo!
No dia 23 de dezembro, peguei o menino, coloquei no carro, e fomos até Sarandi, após rastrear diversas regiões e residências, localizamos uma casa modesta, batemos palma, quando saiu uma senhora pela porta. Ele me disse que era a sua mãe, eles foram ao encontro um do outro e se abraçaram e choraram. Mais atrás da mulher apareceu um senhor, que convivia com ela “amigadamente”, ele viu a cena, retornou para dentro da casa, a mãe do menino, pediu para que nós esperasse um pouco ali, ela dirigiu-se para o interior da casa e falou com seu “amigo”. Após uns minutos ela retornou, dizendo para mim e para o filho, que o seu “amigo” pediu para que ela escolhesse entre ele e o seu filho, e para nossa imensa tristeza ela disse que não iria separar dele, e que eu pegasse o menino e levasse embora.
Peguei o menino, coloquei no carro, ele veio comigo chorando aos prantos, suas lagrimas eram muito sentidas. Eu não sabia o que dizer, porém nossa Senhora mais uma vez me socorreu, inspirado disse: que ele tinha uma mãe no céu, que o amava muito, que era nossa senhora. E que aquela mãe da terra não conhecia o amor verdadeiro, e que um dia, ele iria cuidar dela.
Retornando a Arapongas, passados alguns anos, ela já separada do “amigo” arrependida, queria a convivência do filho.
Ele, após algum tempo, homem formado, com profissão, mudou-se para Maringá, casando com uma professora, formando uma bela família. Eles acolheram a mãe, com quem vive até os dias de hoje.
Para minha alegria, todos os anos na época de Natal, recebo sua visita, quando não uma ligação, manifestando sua alegria e gratidão. Verdadeiro presente de Natal.
Hoje, dia 09 de Dezembro de 2010, às 11:20 horas, recebi sua ligação, mais uma vez os nossos corações encheram de alegria. Cuja alegria partilho com os meus amigos internautas.
Feliz Natal!
Arapongas, 09/12/2010
Shallon!!!
Elson Lemucche Tazawa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário