A experiência aconteceu na Casa de Acolhida São Vicente Pallotti, hoje contando com três anos e nove meses, desde sua fundação em 08 de Maio de 2007. No ano de 2009, tive uma experiência maravilhosa que partilho com os Amigos internautas:
Todas as quintas-feiras nosso grupo era responsável pelo acolhimento dos nossos irmãos marginalizados que viviam pelas ruas, todos eram recebidos com amor e carinho, serviamos roupas limpa, banho quente, jantar e pouso em uma cama quentinha. Entre os acolhidos, destaco o Senhor José, homem que trabalhou muito tempo na roça, mãos calejadas, com aproximadamente 65 anos de idade.
Em uma das quintas feiras, em torno das 18:30 horas, avistei o Senhor José vindo em direção a nossa casa, com um carrinho de papel abarrotado de papel e caixarias. Vendo o seu sofrimento ao puxar aquele carrinho pesado, fui ao seu encontro, tirei-o da direção, e assumi o lugar trazendo o carrinho até o pátio da casa de acolhida.
Passados uma semana, quinta-feira novamente, Ele ao chegar quis me dar um presente. Eu disse que não poderia receber, pois o Padre Navarro, não permitia que recebecemos presentes dos acolhidos. Entretanto, ele insistiu tanto, que resolvi aceitar. Abri a caixa, era um Anjo da Guarda, na hora do jantar coloquei no meio da mesa, liguei na tomada, e o Anjo ficou ali iluminado no meio de todos. Ao final do jantar, após todos os serviços, reembrulhei o presente e levei para casa. Naquela quinta-feira minha esposa não tinha ido na casa de acolhida, quando cheguei disse ter recebido um presente, ela abriu o presente e viu o anjo da guarda, e para minha supresa, ela notou que embaixo do anjo encontrava a etiqueta com o valor pago, sessenta e dois reais e cinquenta centavos.
Naquela mesma hora, refletiamos minha esposa e eu, que o valor pago pelo presente representava muitos dias de trabalho puxando o carrinho de papel, já que um catador de papel recebia em média de seis a déz reais por dia. Fez com que meditassemos a sua gratidão, estampada naquele anjinho. Talvez querendo dizer, encontrei o amor, o irmão, a compaixão, a solidariedade e a esperança. Penso ter sido este um dos melhores presentes recebidos em minha vida, hoje ele está no balcão do meu escritório, em um lugar de destaque, que me faz lembrar que somos verdadeiramente todos irmãos.
Atualmente o Senhor José não carrega mais carrinho de papel, encontrou uma senhora que tem uma pensão, e se juntaram "amigadamente" para levarem juntos a vida.
Shallon!
Elson "Pequenos gestos significam muito"